sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O dinheiro é pra que?

O dinheiro é pra que?

É pra comprar a comida e a roupa.

O dinheiro é pra que?

É pra comprar o remédio e pagar a conta de luz e água.

O dinheiro é pra que?

É pra comprar os livros e ver os filmes.

O dinheiro é pra que?

É pra pagar a escola do nosso filho e o curso de inglês.

O dinheiro é pra que?

É pra depois das contas, porque a gente quer e merece gozar.

O dinheiro é pra que?

É pra deitar num sofá gostoso e dar uma bola contigo.

O dinheiro é pra que?

É pra te dar um presente e dizer que eu te amo.

O dinheiro é pra que?

É pra gente jogar videogame e comer chocolate juntos

O dinheiro é pra que?

É pra tudo isso, e tudo isso é muito pouco, porque é no entre isso e aquilo que a vida se faz.

É uma pena que eles não saibam pra que é o dinheiro, porque, sem uma justificativa, o meio se desfaz. E nada vale mais.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Nubain

Aos 8 anos ganhou o primeiro videogame, um atari. Jogar lhe dava um prazer imenso. E ficava fácilmente várias e várias horas na frente da tv jogando...

Várias e várias horas mesmo, a ponto de deixar de fazer as tarefinhas do colégio ou comer. Os país rapidamente perceberam o problema e começaram a regular bem de perto o tempo de utilização do videogame.

Ele se viciava fácil. O garoto era precoce.

Mas a questão é que o mundo está aí e quando se nasce para o vício... é difícil escapar. Acaba-se por trocar um pelo outro e fica "tudo bem".

Aos 12 ele cheirou benzina com os coleguinhas do colégio depois da aula.... e assim foi.
Depois de um tempo, a coisa engroçou porque aos 14 ele arrumou uma namorada de 19 (precoce mesmo). E ela comprova garrafão de vinho Carreteiro (5 litros) pra eles beberem nas festinhas. (Não preciso dizer que junto com isso, maconha era farofa e o rapaz pegava pesado). Junto com tanto vinho e outras coisas, perdeu vários neurônios (e a virgindade). Mas não perdeu o gosto por vícios.

Aos 19 sofreu um acidente de carro muito grave (bêbado pra variar) E foi parar na UTI. Sentia dores fortíssimas pois tinha quebrado vários ossos e como se não fosse o suficiente, tinha hemorragia interna dos orgãos... mas, você sabe, como diz o ditado: "Vazo ruim não quebra fácil" sobreviveu (que bom que sobreviveu!) porque na UTI os médicos (tão sábios são os médicos!) constataram que para suportar as dores o melhor era aplicar Nubain diaramente na veia do rapaz (e mais de uma vez ao dia).

Ah, você não sabe o que é Nubain? Bem, para não alongar muito, digamos que é o substituto legal da Heroína...

Mal começava a raiar o dia e lá vinha a enfermeira (santa enfermeira!) com a seringa e dentro dela o paraíso...

Só um beliscãozinho e... primeiro era um calor gostoso que começava no braço e daí ia para as costas (pela altura das costelas) depois esse calor ia seguindo pela espinha até chegar no pescoço e ao chegar no pescoço passava para o centro da nuca e entrava cérebro a dentro... só mais algumas frações de segundo e derrepente todo o hospital se transformava numa banheira gigante... uma banheira cheia de água morninha e ele ficava, hora flutuando sobre essa água, hora ele afundava nela e começava a nadar gostosamente em baixo dágua sem precisar respirar (era mágico!).

Pouco importava o que falavam com ele nessas horas e na realidade nada mais importava porque era como se ele estivesse em plenitude com o universo... ele gostava de tocar a mão no rosto nessas horas... as sensações físicas eram incríveis, e se existisse algo como fazer amor consigo mesmo, certamente era aquilo (e tudo isso estando com 90% do corpo imobilizado em cima de uma cama de hospital!). Tinha vontade de nunca mais ficar bom, só pra viver daquele jeito (é, eu sei, isso é louco, mas viciados são assim mesmo. Loucos).

Bom, mas como já foi dito, vazo ruim não quebra fácil. Ele finalmente se recuperou e seguiu a vida sempre em busca de um novo barato.

No carnaval desse ano ele foi pro "Enquanto isso na Sala de Justiça" e conheceu uma menina porquem se apaixonou.

Terminaram a noite na casa dele, passaram o dia na cama, transaram e ficaram simplesmente comendo chocolate, deitados e se alimentando um do outro... ele se sentia estranhamente pleno, nada mais existia fora daquele quarto, e percebeu que estavam juntos numa banheira de água bem morna e gostosa, nadavam juntos de baixo dágua (sem precisar respirar!) ou simplesmente ficavam flutuando no teto... as sensações físicas eram incríveis... e ele não queria mais saber o que era fazer amor consigo mesmo, porque aquilo era muito melhor.

O dia inteiro foi assim e o dia seguinte também.... passava os dias esperando chegar a noite para encontrar com ela... viciados são assim mesmo, loucos.

No carnaval, numa festa a fantasia, ele tinha encontrado sua Super heroína e estranhamente,
essa foi a sua cura.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Narizes

É claro que ele gostava de mulheres. Isso é fato. Mas o que acontece é que o homem mediano, ao observar as fêmeas das espécie sempre dá uma conferida na bunda, nas pernas ou nos seios, ou tudo isso junto. Ele não. Conteúdo era tudo pra ele mas... não sejamos hipócritas, o que ele olhava primeiro era... o nariz. É difícil saber porque, mas de algum modo esse cara se sentia atraído pelos narizes das mulheres.

Enquanto a maior parte dos homens teria um poster de Carla Peres no quarto, ele preferia ter um poster de Sofia Coppola (que nariz! Que mulher!)

Então quando via alguém que lhe atraía, era inegável, os olhos se dirigiam primeiro para o nariz da dita cuja. Era estranho, mas ao conversar com sua possível futura namorada (ou ficante) ele se via num grande dilema "como fazer? olha-la nos olhos, ou olhar o nariz dela?"

E o mais estranho é que ele adorava narizes grandes, digo grandes porém harmônicos, tipo desses que querendo ou não chegavam num lugar um pouco antes da dona.
Ele tinha uma teoria: É que mulheres narigudas sabem o que querem, e o desejo de chegar lá é tão latente que se manifesta na ponta do nariz.

Na sua mente, fantasiava casar com uma mulher como Sofia (ter aquele nariz para si seria demais)... mas a realidade é imprevisível para os mortais, e dia desses ele foi pagar umas contas e a funcionária da tesouraria (muito bonita por sinal) chamou sua atenção.... digo que chamou a atenção dele porque o nariz dela dizia: "Você é meu" era impossível resistir, o que mais podia ele fazer contra a força daquele nariz? Estão juntos.

O curioso é que ela não se parecia nada com Sofia, mas ela tinha um nariz... hummmm que nariz.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Feliz ano novo

Eles se conheceram na praia. Antônio era de fora, embora fosse de Recife. Quero dizer que é alguém que não pertence a lugar nenhum específico e ao mesmo tempo pertence a vários lugares.

Nesse dia, ele tinha surtado. Estava numa nóia antisocial.... desligou o celular, desconectou o computador e decidiu que não veria ninguém no dia de ano novo. Isso mesmo... pegou o carro e foi pruma praia chamada Toquinho, chegou lá no começo da noite. Uma praia praticamente privada, que nessa época do ano está isolada. Estranhamente ninguém aparece por lá.

Ele pulou o muro de uma das casas e conseguiu chegar na areia da praia e viu o mar... um mar que parecia tão enegrecido e sem fim quanto ele se sentia por dentro.

Tinha uma garrafa de vinho na mão e já foi bebendo enquanto caminhava em direção a água. Ele escutava o barulho do mar revolto e sentia o desprendimento das gotinhas da água fria que salpicavam seu rosto mesmo ainda que de uma certa distância...

Estava descalço, molhou os pés na água curtindo o momento e a clareza de que apenas o som do mar podia ser ouvido, ele tinha a certeza de que não tinha mais ninguém ali e se sentia bem por isso.

Tirou a roupa, tomou todo o vinho, de uma só vez, como se fosse vital como respirar. num pedaço de papel que estava no bolso da calça escreveu uma mensagem e colocou dentro da garrafa.

Completamente embriagado entrou no mar. Garrafa na mão e lutando com a corrente fria e bebendo muita água salgada. Conseguiu finalmente ficar longe da costa, entre soluços e gargalhadas jogou a garrafa mar a dentro. Queria ficar mais ali, mas percebeu que se não voltasse naquele exato momento, não voltaria mais. Então depois de muito esforço conseguiu chegar na areia. Exausto.

Ficou lá deitado. De olhos fechados curtindo o som do mar e a estranha sensação de adquirir uma nova "pele" feita da areia que se agarrava a ele.

- Oi tudo bem? Vem sempre aqui?

Achou que era loucura, mas percebeu que alguém de fato falava com ele. Abrindo os olhos viu essa mulher, trajando um vestido longo e azul...um azul diferente de tudo que ele já tinha visto.

Ela tinha por volta de uns 36 anos, cabelos castanhos bem longos e uma pele morena. Não era exatamente bonita. Mas ela tinha alguma coisa extremamente difícil de se traduzir em palavras e que era de fato magnético.

De cara ele achou que seria Iemanjá. Mas percebeu que não quando ela disse que se chamava Lara e que os país dela eram os donos da casa logo em frente a onde ele estava deitado.

Eles começaram a conversar, Lara tinha uma erva e fumaram na areia enquanto ela lhe dizia que assim como ele, ela também estava cançada de tantos anos novos (afinal todo ano era a mesma coisa, vinha um novo ano e acabava com a ano anterior).

Eles se entenderam muito bem e Lara que estava sozinha em casa, convidou o estranho pra entrar, beberam ainda mais e pouco antes da meia noite estavam transando. E...

5
4
3
2
1

Algo realmente se acendeu naquela hora e no ápice ele acordou. Percebeu que estava em sua própria casa. Havia sonhado, dormido o dia inteiro, eram 23:30 no relógio de cabeceira.

Ele se levantou como estava. Entrou no carro e correu perigosamente até a beira mar de boa viagem... Em meio a devotos de iemanjá, familias e crianças de branco ele entrou no mar, decidido a ir até o fundo, nadava enlouquecido... quem estava na beira da praia não entendia qual o objetivo daquele cidadão, que nadava em direção ao alto mar com uma determinação tal, que até parecia que sua vida dependia disso...

É que ele estava decidido a encontrar Lara.

Sobre Ele e sobre Ela

Ele tinha 14 anos, ela tinha 13 estudavam na mesma sala no colégio... os coleguinhas não sacavam qual era a daquele garoto introvertido, que não gostava de futebol, nem filmes do rambo... ele gostava de cinema europeu, fellini, antonioni, bergman, filosofia, teatro e imaginar o que era o amor...

Ela era loirinha, tinha a pele bem clara, os cabelos cacheados e os olhos castanhos cor de mel e os lábios dela.... os lábios dela eram pequenos e carnudos.... eternamente avermelhados e com uma espécie de brilho que não ia embora nunca... e era inevitável para ele olhar aquela boca e imaginar como seria dar um beijo nela... e dava vontade de morder... deveria ter gosto de cereja... só podia ser gosto de cereja... ele tinha certeza disso. Mas o fato é que ele nunca tinha beijado ninguém.

Ela também não, e ela olhava pra ele e só pra ele, nas aulas de educação física, ela ficava na arquibancada pra ver ele jogar (ou tentar jogar) bola. Aquilo era uma tortura pra ele que não manjava nada com a bola, mas era obrigado pelo professor a jogar. Saber que ela todos os dias estava tão perto e tão longe era um desafio. Um desafio que ele sabia que iria perder graças ao monstrinho da timidez... o ano terminou e ela mudou de colégio e eles nunca mais se viram. Isso já faz 14 anos.

Esse fim de semana eu fui assistir ao festival de cinema francês no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco.

Enquanto eu tomava um café sentado numa mesa, ele chegou, vi que ele chegou com pressa, veio sozinho e estava em cima da hora da sessão que já ia começar, ao parar na frente da bilheteria, ela estava lá, de mãos dadas com o namorado comprando o ingresso para o filme.

A pressa dele era tanta que esbarrou de frente com ela... ao se tocarem perceberam um ao outro e todas as lembranças vieram a tona novamente. Ela largou a mão do namorado. Sem saber exatamente o porque.

Ele disse "oi", e ela respondeu "oi". -Eles estudaram juntos na mesma sala durante apenas 1 ano. Eram 14 anos sem se ver. E na verdade, durante todo o ano que estudaram juntos, jamais trocaram palavra, e nesse dia eles disseram oi.


Ele sorriu, ela sorriu. Ele beijou a boca dela e foi bom.

-Você não tem gosto de cereja, mas é bom.

Ela ficou calada.

Ele entrou no cinema e o namorado atônito e claramente aborrecido e confuso pedia explicações e ela respondeu:

- É que ele não é mais tímido.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Lucas e a vendedora da fábrica de chocolates

Fazia já 6 anos que ele, fim de semana sim fim de semana não, ia até a fábrica de chocolates que havia na rua Santos Dumont. É, isso mesmo, uma fábrica de chocolates em pleno calor nordestino. Porém na sua opinião os chocolates produzidos e vendidos ali mesmo eram fabulosamente saborosos (muito mais saborosos do que os chocolates feitos no sul do país como os de Gramado por exemplo e talvez até melhor que chocolates suiços).

Havia descoberto o lugar graças a uma namorada que também era fã de doces e já frenquentava o local fazia bastante tempo. E como não é segredo pra ninguém, a grande maioria dos maconheiros tem uma fissura por doces e Lucas não era diferente, muitas vezes ia matar sua larica com a namorada na fantástica fábrica de chocolates da rua Santos Dumont. Lá ele escutava as sugestões da vendedora (uma moça de sorriso encantador) que sempre parecia saber que chocolate ou doce seria perfeito para o seu paladar no dia. E ela sempre acertava.

Mas quem não se acertava era aquele casal... Ele acabou ficando só, mas permaneceu fiel a fábrica de chocolates e a vendedora, que sempre estava ali, fiel ao paladar dele. Muitas mulheres passaram pela vida de Lucas,algumas namoradas,algumas ficantes,amizades coloridas,rolos... e muitos chocolates foram comidos durante todos esses anos.

Um dia desses ele estava só de novo e foi matar sua habitual larica na fábrica... a vendedora (que sorriso lindo) sempre fiel, sabia do que ele precisava e nesse dia, Lucas se lambuzou de chocolate e enxergou o que nunca tinha visto antes... dizem que eles tem saído juntos. A vida é um doce.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Sobre a frase "Eu te amo"

Por esses dias estava conversando com o meu camarada Sérgio sobre a facilidade com que as pessoas dizem eu te amo, existem inclusive comunidades no Orkut criticando a banalização com que se diz isso.

Eu concordo. É que pra mim, me parece que amor é um sentimento tão nobre e tão complexo que não se pode usar como quem diz bom dia mesmo. Amar implica responsabilidade, comprometimento e certeza do que se diz e sente, e certamente algo tão intenso como o amor não é algo que chega do nada, e por tanto, também não vai embora do nada.

E de repente cê tá saindo com uma gatinha já faz uns dias (ou meses) mas nada sério e então, a figura vira pra você e.... EU TE AMO. Semana seguinte ela vai na padaria comprar pão e ao ver o padeiro algo acontece, aquele bigodão charmoso, aquela careca reluzente...é inevitável, dai vem o frio na barriga... os olhinhos brilham e ela descobre então que não te ama mais. Tipo que nem a OI, "simples assim".

Mas daí o meu camarada me fala assim: " O que ocorre cara, é que num determinado momento, num determinado dia, você a fez sorrir, e aquele dia, aquela sensação e o momento vivido foi tão intenso, que de fato, naquele dia, naquele momento e segundo, aquilo foi amor, por alguns segundos foi amor e foi verdadeiro..."

E dai eu entendi, sorri e tive que tirar o chapéu. E de certo modo, eu também amei... e foi tanta gente.

"A fonte do sofrimento é o desejo"

Se não me engano isso é um pensamento budista, acho tão sublime e tão intenso porque me parece muito verdadeiro. Porque se você conseguir anular o desejo você não vai mais sofrer pelo que não tem (sejam coisas materiais ou espirituais). O problema acho que é o fato de que isso requer um processo evolutivo e uma grandeza enorme e poucos são capazes de atingir esse nível saca? É porque digamos, dentro de uma cultura como a nossa, partimos do pressuposto de que para se chegar em algum lugar é preciso de um certo modo, cobiça e gana. Então o que eu acabo concluindo é que o sistema em si em que nós encontramos inviabiliza muitas vezes o amadurecimento espiritual e por tanto, somos eternamente condenados a ser crianças egocêntricas chorando, desejosas de mais. E no mais, é isso. Nada mais.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Do sonho de uma boneca de trapo

Uma boneca de trapo esquecida desde muito pela sua dona (pois a mesma cresceu), sonhava tal qual Pinóquio, tornar-se gente um dia. Ninguém lhe compreendia a vontade visto que seu mundo era composto por outros brinquedos, alguns quebrados, outros mal feitos desde sua concepção... e naquele mundo insípido ninguém podia entender as vontades da boneca, que queria deixar de ser brinquedo, e saber como é ser gente de verdade. Deixar de ser trapo esquecido na caixa de sapatos de alguém que não se lembrava mais dela. É, essa boneca queria mais, ela não se sentia pertencente aquele mundo cinzento de brinquedos velhos, ela acreditava que existiam coisas mais interessantes fora do quarto... Um dia uma amigo da dona da boneca foi até a casa dela, e encontrou por acaso a bonequinha escanteada... e por alguma razão inexplicável ele se afeiçoou dela, escutou os seus desejos e decidiu mostrar para ela o que existia além das fronteiras do quarto, a vida lá fora, conhecer gente de carne e osso.... A boneca de trapo se encantou com o que viu e decidiu que iria se remendar e iria fazer por onde aos poucos, tornar-se gente de carne e osso também... Mas um dia... por uma dessas razões inexplicáveis ela se cansou da vida real, seu corpo que já era quase humano, foi se desfazendo lentamente e ela foi virando uma boneca novamente, só que agora aos pedaços, aos poucos ela virou um amontoado de retalhos e remendos confusos e ainda mais rotos do que havia sido antes. Até mesmo sua beleza prévia de boneca já não se enxergava mais.... então, sem que nada mais pudesse ser reconhecido naquela pilha de pequenos pedaços de nada, ela rastejou de volta para o quarto de sua dona e estendeu aquilo que poderiamos chamar de mão para o soldadinho de chumbo e foram viver no fundo da escura caixa de sapatos, esquecidos de baixo da cama. Felizes para sempre enfim.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Todas as mulheres são loucas a começar pela mãe da gente

Esse é o título de uma música dos Titãs e eu acho cada vez mais que é verdade. Eu não digo isso com raiva. Apenas entendo como uma percepção provavelmente verdadeira, consequente das minhas experiências... Mas eu adoro elas, talvez exatamente por isso, ou não. Continuando aqui no meu processo de reflexão solitário, eu acho que nós homens também não ficamos atrás. Mas... como o meu interesse são elas, não vou gastar o meu tempo e o meu teclado falando sobre o meu sexo... O fato é que mesmo Freud, que foi o principal criador da psicologia, morreu sem ter conseguido entender o que elas querem. Eu como ser limitado que sou, fico ainda mais perdido que ele. A revista Época deste presente dia 02/02/2009 tem como matéria de capa inclusive uma reportagem sobre o fato de que nem elas mesmas sabem com clareza o que desejam, principalmente no aspecto sexual. E eu, sou partidário de que as mulheres tem, naturalmente, uma maior propenção a homosexualidade, ou ao menos, a bissexualidade.

O primeiro post

Vou colocar aqui neste blog, pensamentos, doideras e coisas que compoem o meu universo.

Para iniciar, vai primeiro uma historinha retirada do filme Cinema Paradiso (Nuovo Cinema Paradiso) Do diretor Giuseppe Tornatore. O objetivo da história é a reflexão sobre quando um relacionamento vale ou não a pena:

"Era uma vez um rei que fez uma festa na qual estavam as princesas mais bonitas do reino. Um soldado que estava de guarda viu passar a filha do rei. Era a mais bonita de todas, e ficou logo apaixonado, mas o que podia fazer um pobre soldado em relação à filha do rei? Por fim, um dia conseguiu encontrá-la e disse-lhe que não podia mais viver sem ela. A princesa ficou tão comovida por aquele forte sentimento que disse ao soldado: “Se conseguir esperar 100 dias e 100 noites debaixo da minha janela, acabarei sendo sua”. O soldado foi logo para lá e esperou um dia, dois dias, dez, e depois vinte. E toda a noite, a princesa controlava pela janela, mas ele nunca se movia. Podia chover, ventar, nevar, que ele continuava lá. Os pássaros sujavam a cabeça dele, as abelhas comiam-no vivo, mas ele não se movia. Depois de 90 noites, estava emagrecido, esbranquiçado, as lágrimas lhe caíam rosto abaixo sem poder segurá-las porque nem forças para dormir ele tinha. Entretanto, a princesa ficava olhando para ele. E na 99ª noite, o soldado se levantou, pegou sua cadeira e foi embora."