terça-feira, 13 de outubro de 2009

GUDAN

"- ABCDEFGHIJ.....são apenas coisinhas que o homens inventaram para se comunicar mas elas não são perfeitas.tem varias coisas que podemos fazer farias composições delaS e não deciframos. "

"- E existem várias comunicações que habitam o espaço entre uma palavra e outra e só o coração pode sentir. A boca não fala, os ouvidos não ouvem e os olhos não vêem."

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Eu é Eu

Eu é Eu, Tu é Eu, Ele é Eu, Nós é Eu, Vós é Eu, Eles é Eu. Porque tudo, é EU.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Promessa é Dívida

Ele era Recife e Recife era ele. Criado em vários lugares mas estabelecido e decidido a viver aqui por vontade própria pelo resto da vida.

Trinta anos, trabalhava como designer, ganhava uma grana boa e tinha autonomia na utilização do seu tempo. Por isso respirava a cidade e ela circulava nas veias.

O que quero dizer, é que Luciano aos dezenove anos ao se mudar com a família para a capital pernambucana, se apaixonou completamente, nunca tinha sentindo efervecência cultural igual... A cidade tem tantos sons, tantos gostos e cores... ele podia afirmar com conhecimento de causa que era único mesmo... já tinha morado em São Paulo, Rio, Londres e Nova York.

Todas essas cidades eram maravilhosas, mas nenhuma tinha a lama e o caos de que Chico Science falava. Por isso, após 11 anos aqui, ele se sentia de fato em casa.

Dia de terça-feira a noite estava sempre no Pátio de São Pedro, escutando os afoxés. Nas quartas-feiras era noite de dançar o forró mais legítimo no Xinxim da Baiana em Olinda.

Sexta-feira você sempre ia encontrar Luciano no Recife Antigo curtindo o som do Traga a Vasilha.

No sábado ele variava... era tanta coisa que se podia fazer no sábado... as vezes o coco no bairro de Guadalupe, cerveja gelada na Bodega de Veio, etc etc. Domingo era dia de se queimar na praia de Boa Viagem, mas ele não gostava de ficar no Acaiaca, ali normalmente só a playboyzada acéfala se reunia... o negócio era ficar mais pra frente, na sussa, olhando o movimento, escutando um som e conversando com quem valia a pena.

O trabalho era bom, ele fazia o que gostava, ganhava bem, tinha tempo livre, a cidade era massa. O coração as vezes estava vago e as vezes não.

Mas o fato mesmo é que Luciano só tinha uma mulher certa até o fim da vida. Aos 30 anos, ele fez promessa, no dia de Nossa Senhora da Conceição ele prometeu que Recife seria sua mulher, só haveria de casar com essa cidade e com mais ninguém. Chegou cedo e lá debaixo da ladeira fumou um baseado e tomou alguns tragos de cachaça. Eram muitos romeiros, pessoas de muita fé que vinham agradecer e se martirizar pelas mais diversas graças concedidas pela santa. Já bastante alcoolizado Luciano enfrentou o mar de gente que se vestia de branco e de joelhos subiu até em cima do morro. Joelhos não haviam mais, mas ele estava feliz porque tinha concluído aquilo que entendia como seu desafio pessoal.

Isso mesmo, desafio pessoal, pois embora Luciano tivesse adoração pela cidade ele não era um homem de fé, ele era de certo modo um cético, que respirava tudo e curtia tudo, mas mantinha um olhar distanciado do aspecto religioso das coisas...

Acontece que promessa é dívida e não é preciso que acreditemos nas coisas para que elas sejam verdade, elas apenas são, independente e indiferente a nossa concepção.

Naquela noite, Luciano chegou em casa sem se lembrar como, joelhos esfolados e ensangüentados, febre que não cessava e uma dor de cabeça como ele jamais havia sentido antes. Deitou-se na cama imundo e desnorteado como estava e tentou dormir, mas não conseguiu. Pensamentos confusos se passavam por sua mente e imagens das mais diversas apareciam... um mar de gente, rostos, roupas brancas, cheiro de suor, mãos enrugadas,lagrimas, terços, sorrisos e gargalhadas de um morro que parecia abrir sua boca numa mistura de escárnio e total desespero num desejo de engolir Luciano...

Assim foi a noite toda até que o dia raiou. Uma paz súbita invadiu seu coração. Já não sentia dores na cabeça, a febre se foi e seus joelhos misteriosamente não tinham se quer um arranham.

Feliz por estar bem, mas incrédulo por não entender como, ele saiu apressadamente de casa e foi trabalhar. Ao entrar em seu carro e olhar pelo retrovisor não viu seu rosto... o que ele viu foi....

-Não. Não dava pra acreditar. Não era seu rosto, era a cidade, seu rosto não havia mais. O que se via era a cidade, suas ruas, vielas, praças e toda a gente nela, seus cheiros, favelas, prazeres e horrores.


Promessa é dívida.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Mulheres

As vezes fico perdido... fico tentando achar a melhor maneira pra dizer algo pra ela.... fico pensando coisas como: " se eu falar tal coisa de tal jeito, ela vai entender errado, entao é melhor eu falar de tal outro jeito... ou talvez seja melhor falar outro dia.... ou talvez seja melhor falar hoje mas numa outra hora... ou talvez seja melhor mudar a intonação da voz... ou... talvez seja melhor nem falar."

Ah essas mulheres!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O medo de rir

Eu faço coisas de assustar.
Eu digo coisas de assustar.
Eu penso coisas de assustar.

Mas hoje não. Hoje, eu te trouxe uma rosa. E um sorriso.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A mentira

Eu te visto com as roupas dela
E te perfumo com o perfume dela
Dança pra mim? Eu posso pagar.
Olha pra mim? Eu posso pagar.
Fala que me ama. Eu posso pagar.
Toca em mim. Eu posso pagar.
Tá sentindo? É o meu coração batendo.

É, eu tenho um coração. E posso pagar.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Lucy in the Sky with Diamonds

22 horas da noite, quinta-feira, abre uma caixa, tira de lá um papel alumínio dobradinho, abre; um papelzinho duro com o sorriso de uma moça estampado... um sorriso pra ele... papel na lingua... morde... passa no céu da boca, nas bochechas e deixa de baixo da língua até dissolver...

22:15 ônibus.... desce no cais de Santa Rita... vai andando pela rua Marins e Barros e cruza a ponte Primeiro de Março, olha pra estátua no topo da ponte... ela brilha... está extremamente acesa... tudo está muito brilhante... vai caminhando curtindo a paisagem noturna... chega na frente do Downtown... fila... um cara na sua frente faz perguntas, perguntas inúteis; “hoje é ladies free”? “quanto tá a entrada”? Meninas olham, meninos olham, tudo brilha... como diriam John e Paul: é tudo “Lucy in the Sky with Diamonds”...

O jornal do outro lado da rua roda nas máquinas... sangue e morte de hoje para o café da manhã de amanhã... o som é ensurdecedor ou só ele está achando?

Sobe uma onda de calor... é intenso... é extremamente intenso... é de pingar e molhar a camisa... em pé na fila... meninas olham, meninos olham, tudo brilha... como diriam John e Paul: é tudo “Lucy in the Sky with Diamonds”...


A fila caminha, lenta... bem lenta... um carro do outro lado abre a mala... tocando uma batida... o som é ensurdecedor ou só ele está achando?

Compra um vinho Carreteiro com o vendedor que fica com o isopor na frente... ganhando uns trocados da playboyzada...

O vento sopra... é como um lençol de seda tocando a pele bem de leve... é gostoso... é bem louco... as mãos geladas, o suor pingando... as pupilas dilatadas no limite... faz o olho ficar bonito.

O suor pinga... o olho brilha... as luzes brilham... como nunca... um cara na sua frente faz perguntas inúteis; “Demais a tua camisa, o que tem escrito mesmo”? – “Vodka, connecting people”.

Meninas filosofam sobre como solucionar um grande mistério; conseguir abrir uma garrafa de Smirnoff Ice... elas não abrem... ele abre. É... talvez isso seja... Vodka Connecting People.

A fila caminha, lenta... bem lenta... as luzes brilham, o suor pinga... a noite ainda estava pra começar... meninas olham, meninos olham... perto da porta da pra escutar o som rolando dentro da boate... da pra escutar forte...da pra escutar alto... a noite estava pra começar...Como diriam John e Paul: é tudo “Lucy in the Sky with Diamonds”.